Segundo relatos arqueológicos, estes habitantes primitivos parecem ter vindo da região costeira, pelo caminho do rio, trazendo alguns hábitos alimentares, como o de comer moluscos. Depois deles, ocuparam a região os povos que falavam a língua tupi, constituídos em grandes tribos e bastante organizados.
Os portugueses chegaram à região litorânea do Rio Ribeira depois da fundação da primeira vila do Brasil, em 1532, a Vila de São Vicente.
A partir daí até cerca de 1600, diversas vilas foram fundadas no atual litoral sul paulista, entre elas a Vila de Nossa Senhora das Neves de Iguape (1577) e São João Batista de Cananeia (1587). A exploração de minerais inicia-se no século XVI, fundamentou uma estrutura social no sul de São Paulo. A exploração de ouro de aluvião ao longo do Vale do Rio Ribeira, e em muitos de seus afluentes, determinou a formação de diversos núcleos em locais antes ocupados por aldeamentos indígenas, alguns núcleos originais decorrente da atividade de mineração permaneceram, se transformado nos principais municípios da região como: Iporanga, Ribeira, Apiaí, Eldorado, Registro, Sete Barra entre outras. A cidade de Apiaí formou-se por volta do século XVII, juntamente com os municípios de Eldorado e Registro. A região tem seu relevo bastante acidentado e possui um grande número de rios que atravessam extensas áreas de Mata Atlântica desaguando no rio Ribeira de Iguape. Apiaí e Iporanga são cidades que surgiram e cresceram muito com a exploração do ouro, prata e chumbo. Aos poucos as quantidades destes minérios foram diminuindo e os moradores da região passaram a sobreviver da agricultura de banana, palmito pupunha, chá, farinha e de pequenas indústrias de bebidas (alambiques).
Hoje, a cidade de Iporanga tem aproximadamente 4.500 moradores e a maior parte do seu território passou a fazer parte do Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira, criado em 1958. Com o aumento da procura do calcário (o mesmo que forma as belas cavernas) para produzir cimento e cal, algumas mineradoras instalaram-se ao redor do parque e umas delas chegam a extrair calcário dentro dos limites do parque.
Mata Atlântica
A mata atlântica brasileira é a região do País mais ameaçada pelo desmatamento e a mais rica em biodiversidade. A história do desmatamento que a atinge não é recente, remontando ao descobrimento do Brasil.
MATA ATLÂNTICA: DA EXUBERÂNCIA À DEVASTAÇÃO
A mata atlântica foi, muito provavelmente, uma das primeiras visões que a tripulação de Cabral teve quando chegou ao Brasil. Nessa época, a exuberância da mata se estendia desde o Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul e ocupava mais de 1 milhão de quilômetros quadrados.
Os primeiros desbravadores das terras tupiniquins descreveram, durante anos, a mata atlântica como uma floresta intocada, de enorme riqueza natural, que levou muitos dos que aqui chegaram no início da colonização a acreditar que o “paraíso na Terra” estava nas Américas.
A floresta era ocupada por grupos indígenas tupis relativamente numerosos, como os tupinambás, que já praticavam a agricultura, mas em perfeito estado de harmonia com a vida vegetal e animal.
Em contrapartida, a relação do colonizador com a floresta e seus recursos foi, desde o início, predatória. Os colonos não percebiam a importância dos benefícios ambientais que a cobertura florestal nativa trazia, além de serem motivados pela valorização da madeira e do lucro fácil. Esses fatores levaram à supressão de enormes áreas da floresta para a expansão de lavouras e assentamentos urbanos e à adoção de práticas de exploração seletiva e exaustiva de espécies como o pau-brasil – o que aconteceu antes mesmo da exploração do ouro e das pedras preciosas.
“Terra Brasilis”, como ficou conhecida a nova colônia de Portugal, teve a origem de seu nome diretamente ligada à exploração do pau-brasil e, portanto, ao início da destruição da mata atlântica. Calcula-se que 70 milhões de árvores
foram levadas para a Europa. Atualmente, a espécie vive graças ao trabalho de grupos ambientalistas que fazem seu replantio.
Novo Mundo: sinônimo de riqueza fácil
A exploração predatória da mata atlântica não se limitou ao pau-brasil. Outras madeiras de alto valor para a construção naval, edificações, móveis e outros usos – como tapinhoã, canela, canjerana e jacarandá – foram intensamente exploradas. Segundo relatórios da virada do século XIX, em Iguape, cidade do litoral sul do estado de São Paulo, não havia mais dessas árvores num raio de sessenta quilômetros da cidade. O mesmo se repetiu em praticamente toda a
faixa de florestas costeiras do Brasil. A maioria das matas consideradas “primárias” e hoje colocadas sob a proteção das unidades de conservação foram desfalcadas já há dois séculos.
Além da exploração dos recursos florestais, existia também um significativo comércio exportador de couros e peles de onça (que chegaram ao valor de 6 mil-réis, o equivalente ao preço de um boi na época), veado, lontra, cutia, paca, cobra, jacaré, anta e de outros animais; de penas e plumas e de carapaças de tartarugas. Não é à toa que quase todos esses animais estão em processo de extinção.
A esse modelo predatório de exploração dos recursos da flora e da fauna somou-se o sistema de concessão de sesmarias por parte de Portugal, favorecendo a combinação altamente destrutiva da mata atlântica. O proprietário recebia gratuitamente uma sesmaria e, após explorar toda a mata e consumir seus recursos, a passava adiante por um valor irrisório, solicitando outra ao governo; ou simplesmente invadia terras públicas. Firmava-se o conceito de que
o solo era um recurso descartável, pois não fazia sentido manter uma propriedade zelar por suas condições naturais e sua fertilidade, já que ela poderia ser substituída por outra sem custo. Destruir, passar a propriedade adiante e receber outra era um excelente negócio.
“Em se plantando, tudo dá.”
No mesmo período de extração do pau-brasil, as terras férteis do Nordeste do país e que estavam na mata atlântica eram utilizadas para a produção do açúcar.
A floresta ia sendo derrubada e, em seu lugar, surgiam imensos canaviais.
A madeira ia para fornos a lenha, usados no processo de fabricação de açúcar, além de servir para fazer caixotes para o embarque do produto para a Europa.
Depois do século XVII, a floresta continuou sendo derrubada para outros usos da terra. No século XVIII, a descoberta do ouro em Minas Gerais abriu grandes feridas na mata, mas foi o Ciclo do Café que mais a devastou. O Ciclo começou a se expandir ainda naquele século e se arrastou até a metade do século XIX, principalmente em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná.
Resultados catastróficos
A exploração madeireira da mata atlântica teve importância econômica nacional até muito recentemente. Segundo dados do IBGE, em meados de 1970, a mata atlântica ainda contribuía com 47% de toda a produção de madeira em tora no país, num total de 15 milhões de metros cúbicos – produção drasticamente reduzida para menos da metade (7,9 milhões) em 1988 devido ao esgotamento dos recursos ocasionado pela exploração não sustentável. Atualmente, a mata atlântica sobrevive em cerca de 100 mil km2. Seus principais remanescentes concentram-se nos estados das regiões Sul e Sudeste, recobrindo parte da Serra do Mar e da Serra da Mantiqueira, onde o processo de ocupação foi dificultado pelo relevo acidentado e pela pouca infraestrutura de transporte.
Segundo estudos recentes – realizados pela Fundação SOS Mata Atlântica em parceria com o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e o Instituto Socioambiental e publicado em 1998 –, entre os anos de 1990 e 1995, mais de meio milhão de hectares de florestas foram destruídos em nove estados nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, que concentram aproximadamente 90% do que resta da mata atlântica no país. Uma extensão equivalente a mais de 714 mil campos de futebol foi literalmente eliminada do mapa em apenas cinco anos, a uma velocidade de um campo de futebol derrubado a cada quatro minutos. Essa destruição foi proporcionalmente três vezes maior do que a verificada na floresta amazônica no mesmo período.
Se isso continuar a acontecer, em 50 anos, o que sobrou da mata atlântica fora dos parques e outras categorias de unidades de conservação ambientais serão eliminados completamente. Vale lembrar que esses desmatamentos não estão ocorrendo em regiões distantes e de difícil acesso. Ao contrário, derrubam-se impunemente enormes áreas de florestas a poucos quilômetros de cidades como São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.
Da mata atlântica original, sobraram 456 manchas verdes, irregularmente distribuídas pela costa atlântica brasileira. Embora isso represente apenas 7% da floresta original de 100 milhões de hectares praticamente contínuos, ainda é uma vasta área, equivalente aos territórios da França e da Espanha juntos.
Além disso, salvar a mata atlântica é uma questão de “sobrevivência econômica”:
em suas imediações, vivem hoje cerca de 100 milhões de pessoas e, pela sua delimitação geográfica, circulam 80% do Produto Interno Bruto nacional (PIB).
O que chamamos de mata atlântica são, na verdade, várias matas que têm em comum o fato de estarem próximas ao oceano Atlântico e em áreas de campos e mangues. São lugares bastante úmidos, onde chove muito durante todo o ano.
Isso garante a permanência constante de rios e riachos e a imensa manutenção da variedade de espécies vegetais e animais, a biodiversidade.
Por causa das condições exclusivas que a floresta proporciona, muitos animais só são encontrados na mata atlântica, um refúgio para espécies que, fora dela, já teriam desaparecido.
POR QUE SALVAR A MATA ATLÂNTICA?
Não faltam razões para salvar a mata atlântica. Seus mananciais de águas abastecem as cidades e comunidades do interior.
Sua presença contribui para regular o clima, a temperatura, a umidade e as chuvas, proporcionando melhor qualidade de vida a 70% da população brasileira.
Além disso, a mata atlântica é campeã em biodiversidade de espécies animais e vegetais. E só esse aspecto justificaria a preservação.
Um hectare de floresta no Nordeste dos Estados Unidos contém dez espécies de árvores, enquanto um hectare da mata atlântica abriga 450 espécies.
ATIVIDADES
1. Desde quando a mata atlântica vem sendo devastada, por quem e como?
2. Qual era a extensão da mata atlântica original e qual é a atual?
3. Quais os motivos que têm provocado o desmatamento?
4. Leia o trecho a seguir.
A floresta era ocupada por grupos indígenas tupis relativamente numerosos, como os tupinambás, que já praticavam a agricultura, mas em perfeito estado de harmonia com a vida vegetal e animal.
Em contrapartida, a relação do colonizador com a floresta e seus recursos foi, desde o início, predatória. Os colonos não percebiam a importância dos benefícios ambientais que a cobertura florestal nativa trazia, além de serem motivados pela valorização da madeira e do lucro fácil. Esses fatores levaram ao desmatamento de enormes áreas da floresta para a expansão de lavouras e assentamentos urbanos e à adoção de práticas de exploração seletiva.
Faça uma comparação entre os modos como índios e portugueses lidavam com a floresta, estabelecendo semelhanças e diferenças entre eles. Anotem suas ideias abaixo, para depois discutir com a turma.
5. Para concluir este estudo, elabore, um resumo sobre a necessidade de preservar a Mata Atlântica.
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